Apenas um estudo, desde 1999, relatou a produção de hidrocarboneto com o aquecimento da sucralose, como interpretar isso?
Recentemente, temos ouvido dizer que a sucralose é tóxica e produz câncer. Essa polêmica afeta principalmente pessoas que dependem desses adoçantes para um tratamento mais sério como obesidade e diabetes e, por isso, precisamos entender mais sobre isso.
A sucralose foi descoberta em 1999 e passou por vários estudos in vitro (dentro do laboratório) e in vivo (já no ser humano). Esses estudos mostram segurança no uso desse adoçante desde que nas quantidades adequadas, 5mg/kg por dia.
Os pacientes que fazem controle de peso e por isso precisam diminuir as calorias ingeridas se beneficiam com o uso dos adoçantes. Entretanto, seu consumo abusivo pode trazer prejuízos e até aumento de peso. Quando o paciente consome excesso de adoçante em algum alimento, por exemplo, excesso de refrigerantes zero (que contém adoçantes), o cérebro identifica que algo doce está sendo ingerido e manda uma informação para o pâncreas para que o mesmo libere insulina. O excesso de insulina por uma informação errada do cérebro causa fome e com isso o aumento do peso.
Assim, adoçantes não são o milagre do emagrecimento, assim como não o são os produtos dietéticos. Mas fato é que consumir produtos adoçados com esses edulcorantes diminui o valor calórico ingerido e com isso controla o peso, desde que consumidos com moderação, com inteligência.
Esses adoçantes também são importantes no controle da glicemia capilar. Se os pacientes diabéticos consomem excesso de açúcar, não conseguem um controle adequado da sua glicemia e nesse momento os adoçantes são de grande importância.
Desde de 1999 que a sucralose é consumida e não houve aumento do número de câncer principalmente nos pacientes diabéticos (grupo que consome mais esses produtos), assim não podemos selar o destino da sucralose por apenas um estudo que foi feito em laboratório e não em seres humanos (seres vivos).
Não há fundamento científico para parar de consumir esse adoçante ou mesmo para não aquecê-lo. Esse mesmo processo de aquecimento mostra que o churrasco, tão apreciado pela maioria das pessoas, também causa câncer, produz hidrocarboneto e se torna tóxico ao organismo. Ou seja, são estudos que não se aplicam a vida real.
A Dra. Silvia Ramos nos traz uma belíssima e didática explicação sobre os adoçantes na página da Sociedade Brasileira de Diabetes (uma associação que visa a proteção dos pacientes diabéticos).
Abaixo deixo outras evidências científicas a respeito desses adoçantes no geral. Evidências nacionais e internacionais.
Referências:
• Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alimentos e bebidas para fins especiais e alimentos com informação nutricional complementar. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/530b86004902747c97df9f05df47c43c/Categoria+15++Alimentos+e+bebidas+para+fins+especiais+e+alimentos+com+informa%C3%A7%C3%A3o+nutricional+complementar.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 14 mai 2016.
• AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Low – Calorie Sweeteners. Disponível em: <http://www.diabetes.org/food-and-fitness/food/what-can-i-eat/understanding-carbohydrates/artificial-sweeteners/>. Acesso em: 07 mai. 2016.
• BRASIL. Resolução nº 18 de 24 de março de 2008. Dispõe sobre o “Regulamento Técnico que autoriza o uso de aditivos edulcorante em alimentos, com seus respectivos limites máximos”. Publicado no D.O.U. – Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 25 de março de 2008.
• CUPPARI, Lilian et al. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da EPM – UNIFESP – Nutrição Clínica no Adulto. 3 ed. Barueri: Manole, 2015. 578 p.
• ROSS, Catharine A. Nutrição Moderna de Shils na Saúde e na Doença. 11 ed. Barueri: Manole, 2016. 1.642 p.
• UNITED STATES OF AMERICA. Food and Drug Administration. High Purity Steviol Glycosides. 2014, 152p.
U.S. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Additional Information about High – Intensity Sweeteners Permitted for use in Food in the United States. Disponível em: <http://www.fda.gov/food/ingredientspackaginglabeling/foodadditivesingredients/ucm397716.htm>. Acesso em: 06 mai. 2016
• WORLD HEALTH ORGANIZATION. Evaluations of the Joint FAO/ WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA). Disponível em: <http://apps.who.int/food-additives-contaminants-jecfa-database/chemical.aspx?chemID=267>. Acesso em 14 mai. 2016.
• http://www.abiad.org.br/index.php/clique-aqui-e-saiba-quanto-voce-pode-consumir-por-dia